domingo, 28 de junho de 2009


Ele cresceu,
menino-homem 
deixa de lado a criança.
Segue o caminho engessado
porque no gesso há dor
e na dor-engano ele segue
frágil humano
em estilhaços de infância.

Adulto, 
faz  momentos acontecerem
brincadeiras ,
gente grande
café e cigarro.
Engessado corpo inteiro
adulto.

quarta-feira, 20 de maio de 2009


Lua em neblina,
Frágil.
Bolha de sabão, arrebento em 7 cores.

Não os pés,
Luz.
Refugo sonhos ontem.






domingo, 10 de maio de 2009

Bucólico


O Tempo e a Saudade

Madrugava diariamente, cesto na cabeça, ia cantando uma melodia gostosa, saudando o sol, que ia se espreguiçando no horizonte. Ao chegar no riacho incandescente, tirava do cesto as almas encardidas que havia recolhido na noite anterior.Com suas lágrimas, lavava-as com o alvejante do seu coração. Algumas mais encardidas que outras, sempre tomava cuidado para não maculá-las ainda mais.
Era ela quem cuidava também de fazer os remendos nos corações esburacados, com a tênue linha da esperança. Trabalhava incansável diante da tarefa árdua a que tinha sido escolhida. Não muito raro, compadecia-se junto das almas dos amores não correspondidos, e chorava o sangue dos amantes traídos.
Diante disso tudo, um dia sentiu-se só. Solidão, palavra que conhecia tão bem, mas nunca teve que experimenta-la junto de sua própria alma. O tempo foi urgindo e aquele sentimento foi crescendo dentro dela.
Num entardecer de primavera viu, ao longe uma figura aparecer ao longo daquelas paragens. Era o próprio tempo, que com seus cabelos negros foi chegando cada vez mais perto. Sabia antes de acontecer, estaria apaixonada. E foi. O tempo a envolveu, amaram-se.
O tempo ficou parado, por tanto ou tão pouco tempo, que ela mesma não pode precisar. Mas ele partiu, o tempo precisa continuar, dizia ele. Depois disso, passados alguns meses, descobriu-se grávida da saudade. A gestação foi tão doída quanto o parto, dói ter saudade, dizia ela.
Na madrugada do parto, as contrações sentidas pela mãe da saudade foram imensuráveis. Com a ajuda do abraço do sol saudade nasceu. Sua mãe, feliz com a saudade que podia sentir entre seus braços, chorou, um misto de alegria e tristeza que só mesmo a saudade pode dar.

segunda-feira, 30 de março de 2009


Na cidade fria, a falta do abraço

aquele abraço café que enebria.

novos rumos, novos cafés,

a vida caminha.

E eu continuo o mesmo

quinta-feira, 5 de março de 2009

ASAS


(Para Sabrina Lermen)


Tem o sorriso
estampado na roupa,
a beleza bem-te-vi,
roubada do sol.

Luz que envolve ouvidos e boca.

Borboleta Amarela,
passeia nos palcos,
descalça.

Assisto de longe
pétalas de aplausos
e lágrimas.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008


Eu vejo a voz das pessoas
em letras cinza.

Meus olhos cheiram
ao primeiro dia de outono.

Entre uma lágrima e outra,orvalho as teias

terça-feira, 22 de julho de 2008

Habita em mim
a ausência,
um oco na alma.


Fora, os frios pedra-madeira
sussurram geadas ao meu ouvido.

Onde os vermelhos
da boca
olhos
sangue?